Monkees convoca supertime e volta após 20 anos
07/06/2016 10:00 em Música

O primeiro disco do Monkees em 20 anos tem tudo que fez a banda americana se tornar famosa. O recém-lançado "Good Times" é todo feito com canções doces e um supertime de compositores em busca do mais pueril e cantarolável pop rock.

Para quem não se lembra, Micky Dolenz, Michael Nesmith, Peter Tork e o falecido Davy Jones viraram hit nos anos 60 com ajuda do primeiro time do pop americano.

O grupo foi criado para estrelar um programa de TV da rede NBC. Eram os rivais dos Beatles. Os quatro atores foram aprendendo a tocar seus instrumentos no decorrer da primeira temporada e lançaram nove álbuns entre 1966 e 1970. Depois, voltaram cinco vezes para rápidas turnês.

Desta vez, o escalado para produzir o disco é Adam Schlesinger. O baixista da banda de indie pop Fountains of Wayne já fez trilhas de filmes como "Josie and The Pussycats", "The Wonders - O sonho não acabou" (incluindo a grudenta "That Thing You Do") e canções da comédia romântica "Letra e Música" cantadas por Hugh Grant e Drew Barrymore. "Good Times" parece trilha de um filme ou programa de TV. O que, mais uma vez, tem tudo a ver com o Monkees.

"Good Times"
O começo tem uma música escrita em 1968 por Harry Nilsson. O compositor morto em 1994 é um dos que mais deu melodias para o grupo. A sobra de estúdio tem Nesmith na guitarra. Mas não deixe se enganar: ela é mais suingada e pesada do que o resto do disco.

"You Bring The Summer"
O pop alegrinho passa a dominar. Esta é do guitarrista da banda inglesa de new wave XTC. Andy Partridge tem 62 anos e entrega aos Monkees um riff delicinha emoldurado por letra bem fofa: "Eu vou levar o protetor solar e a bola de vôlei de praia / Mesmo sem ter areia / Quando você vem, você traz o verão".

"She Makes Me Laugh"
Rivers Cuomo é conhecido por ser líder do Weezer, banda indie pop americana. Mas já escreveu para o glam rocker Adam Lambert, a estrela teen Miranda Cosgrove, o rapper B.o.B. e por pop punks nada queridos da crítica (All Time Low, McBusted, Simple Plan). Aqui, vai no piloto automático. A música é Weezer de 2001 sem distorção. O que não é algo ruim.

"Our Own World"
Eis a melhor do disco. Adam Schlesinger raramente larga sua fórmula. Por mim, tudo bem. Revezamento de vozes, "dee dee-dee", linha de baixo pedindo passagem e gaguejadas podem fazer sua tecla repeat ficar gasta. Isso se você curte pop chiclete...

"Gotta Give It Time"
Jeff Barry tem 78 anos e produziu o maior hit do Monkees, "I'm a Believer", de 1966. Fez também hits incontestáveis para girl bands como The Shangri-Las ("Leader of the Pack") e The Ronettes ("Be My Baby"). Com um currículo deste, claro que se espera mais do que este rock mirrado e sessentista. A melodia some do cérebro com facilidade após a audição.

"Me & Magdalena"
A primeira balada do disco tem a assinatura de Ben Gibbard, do Death Cab for Cutie. O piano abraça a bateria em momento chororô do álbum.

"Whatever's Right" 
Hora de puxar sua pequena para a pista e dançar ao som da dupla Tommy Boyce (1939-1994) e Bobby Hart. Eles só conseguiram ir bem nas paradas compondo para o Monkees. Os estilos se encaixam e essa faixa "perdida" comprova.

"Love To Love" 
Outra sobra de estúdio. A música composta pelo cantor e hitmaker Neil Diamond tem Davy Jones como voz principal. O galã dos Monkees morreu em 2012, aos 66 anos, vítima de ataque cardíaco. Como o disco é para comemorar 50 anos da banda, faz todo sentido a inclusão desta faixa.

"Little Girl"
A primeira composta por um dos Monkees, Peter Tork. É a segunda mais lenta do disco. O arranjo é meio sem graça, mas a letra é doce como as outras: "A pequena garota sabe mais do que finge saber / Ela sabe que eu queria ser mais do que amigos".

"Birth Of An Accidental Hipster"
A dupla de roqueiros britânicos Noel Gallagher (Ex-Oasis) e Paul Weller (Ex-The Jam) leva um tanto de psicodelia ao álbum. A letra é sobre alguém que não tem hora para voltar para casa e está fora de si, no telhado, ouvindo um coral de anjos, perdido, amedontrado.

"Wasn't Born To Follow"
A letra é de Gerry Goffin (1939–2014) e a música de Carole King, autores de hits como
"The Loco-Motion" e "(You Make Me Feel Like) a Natural Woman".
Mas aqui eles vão mais pelo folk, em música gravada pelo The Byrds em 1967 e por Carole em 1980. Se "Wasn't Born To Follow" se escondesse em algum disco do Leonard Cohen, seria difícil encontrá-la.

"I Know What I Know"
Michael Nesmith, guitarrista dos Monkees, escreve esta sozinho. As letras dos Monkees são conhecidas pela simplicidade, mas ele exagera. "Meu coração é meu coração / E meu coração / Que está despedaçado / Sem você ... Eu sei o que eu sei / Eu vejo o que eu vejo / Eu amo o que eu amo / E é você que eu amo".

"I Was There (And I'm Told I Had A Good Time)"
Micky Dolenz, baterista dos Monkees, assina em parceira com Schlesinger.
Faz bom par com "Birth of an Accidental Hipster". Mais uma do lado psicodélico e menos bocó do grupo.

 

 Fonte: G1

 

 

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